Chegada à caótica La Paz de ônibus [Cap.20]
Confira aqui como foi o nosso percurso de Copacabana à La Paz de ônibus. Vale a pena ler esse post pra entender a questão de horários e valores desse trajeto.BOLÍVIA – CHILE – PERU EM 23 DIAS (ABRIL/2016) POR $ 1.300,00 DÓLARES NA VIAGEM [T-U-D-O MESMO = $1.900,00 dólares]
CAP.20: Chegada à caótica La Paz de ônibus
19/4/2016
Eu acordei 5:45 pra ver como estava o tempo e pra minha tristeza ainda estava chovendo, então, não acordei ninguém. Reprogramei meu despertador para às 8:00, fui ao banheiro e voltei a dormir.
Elisa chegou a acordar quando voltei pra cama e acabou indo ao banheiro também, deu uma passadinha pra ser se tinha algum sinal de sol nascendo, mas assim como eu, só viu bem de longe em meio aos chuviscos uma bolinha laranja clarinha no horizonte.
Quando deu 8:00 acordamos e começamos a arrumar as coisas pra fazer o check-out e ir tomar café da manhã no mesmo restaurante que fizemos a surpresa da Pate (não tinha desayuno incluso na nossa diária).
Chegamos no restaurante e fizemos a mesma negociação que fizemos no restaurante de Copacabana: trocamos o suco pelo ovo mexido. Pagamos 20,00 bolivianos, mas nem deu pra degustar muito bem porque já eram 9:30 e ainda tínhamos que percorrer uns 30 minutos de descida escorregadia (já que estava chovendo e o caminho era de pedra com barro) até chegar no porto.
Fomos descendo mais lento do que tínhamos planejado, porque estávamos com medo de escorregar e meter a cabeça nas pedras, então o percurso que duraria 30 minutos, acabou se transformando em 45 minutos.
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Chegamos ao porto e já conseguíamos ver uma bagunça na casinha onde se comprava os tickets do barco. Faltavam 15 minutos pro barco sair e conseguimos comprar nossos bilhetes por 25,00 bolivianos (preço padrão).
Como estávamos meio atrasados, já nos dirigimos ao barco pra pegar nossos lugares, eis que tivemos uma surpresa: o barco estava lotado e teríamos que ir em pé durante 1h30 min. Mas, o problema nem era de fato ir em pé.
O nosso maior problema era o barco afundar já que estava superlotado. Tinham umas 10 pessoas em pé mais as pessoas que já estavam sentadas. Era muita gente e eu já tava vendo a hora que seríamos 4 brasileiros à deriva no Lago Titicaca, sendo que Vagner não sabe nadar. Hahahahaha
Eu sei que geral começou a reclamar com a mulher que vendeu os tickets e ela e o piloto do barco arrumaram outro barco pra gente. Sentamos no novo barco e aí rolou um alívio, mas depois veio uma nova surpresa: em vez de sairmos 10:30, sairíamos às 11:00 e chegaríamos em Copacabana às 12:30 (se tudo desse certo).
O problema é que percebemos que estávamos num barco fretado pra um grupo de turista, coitados, que iam fazer outro passeio antes de irem para Copacabana.
Aí a gente tava feliz e contente que o barco saiu às 11:00 em ponto quando depois de uns 30 minutos o piloto pergunta pro grupo se eles queriam descer no lugar programado anteriormente, antes de outros turistas invadirem o barco deles (no caso, nós e mais uma porrada de gringo). O grupo disse que “sim” com a cabeça e fizemos uma parada de 10 minutos num lugar, que eu não faço ideia de onde era.
Sendo que por causa da chuva, ainda conseguimos ir mais lento que a ida. A volta foi torturante e enjoativa. Tomei logo um Diamox pra não vomitar na galera. Eu sei que depois de anos dentro do barco chegamos em Copacabana às 12:45 já correndo pra pegar nossos mochilões na agência.
Fiquem atentos ao horário de retorno dos barcos da parte sul da Isla del Sol à Copacabana (10:30)! Chegem ao porto com pelo menos 30 minutos de atencedência pra não ter imprevistos.
Chegamos lá, pegamos os mochilões e tiramos algumas coisas da mochila de ataque e passamos pro mochilão. Eu comprei outro papel higiênico por 3,00 bolivianos (acho que o hambúrguer não caiu muito bem no meu estômago na noite passada) e fomos andando direto pro terminal de ônibus, que fica mais acima na mesma rua da agência e do hostel numa “praça”.
Chegando lá, tinha uma porrada de ônibus e começamos a tentar achar o nosso (Diana Tour), eu e Elisa compramos umas empanadas pra viagem (7,00 bolivianos cada), já que não tínhamos almoçado e chegaríamos em La Paz só por volta das 18:00.
Eu ainda fui ao banheiro mais uma vez e paguei 1,00 boliviano porque usei meu papel higiênico, se não seriam 2,00 bolivianos. Acho que já mencionei que os ônibus na Bolívia não têm banheiro, então, mesmo que sua viagem seja longa, você vai ter que ir prendendo o xixi ou o número 2. Por isso, eu tentava ir ao banheiro toda vez que tinha oportunidade.
Encontramos o Emiliano e a Marina de novo (Ah! Esqueci de dizer que eles estavam no tour guiado da Isla del Sol com a gente, mas voltaram no mesmo dia), entramos e o ônibus saiu no horário programado de 13:30.
Fomos ouvindo música novamente, até que um moço nos avisou que em um dado momento da viagem teria uma parada onde todos deveriam descer do ônibus e atravessar o lago de barco, pois o ônibus seria atravessado numa balsa e não era permitido ter ninguém dentro durante essa travessia.
Quase 1 hora depois, o moço avisou que era hora de descer e que quem quisesse podia deixar os pertences, porque não mexeriam em nada. Nós levamos nossas mochilas de ataque conosco, mas, obviamente, tivemos que deixar os mochilões no bagageiro do ônibus.
Entramos numa fila e pagamos 2,00 bolivianos pelo ticket do barco e depois de uns 10 minutos esperando, atravessamos o Estreito de Tiquina, o trecho mais estreito do Lago Titicaca.
Chegamos do outro lado e conseguíamos ver nosso ônibus vindo, sozinho, de balsa. Eu aproveitei pra fazer mais um xixizinho (a maníaca do xixi rs) e paguei 1,00 boliviano.
O ônibus tinha chegado na outra margem do lago, mas ainda demorou uns 15 minutos pra sair da balsa e vir até o nosso encontro, então eu aproveitei pra comprar um alfajor delicioso por 3,00 bolivianos.
O ônibus nos encontrou na Plaza San Pablo de Tiquina e todos entraram pra seguirmos viagem, agora sem paradas rumo à La Paz! Chegamos lá por volta das 18:00 depois de ter pego um trânsito bizarro nas ruas estreitas da cidade.
O ônibus nos deixou um pouco antes da Plaza San Francisco (acho que por que pedimos rs… não lembro direito), na rua Ságarnaga – rua das agências de turismo e restaurantes.
Nossa ideia era ficarmos hospedados no Wild Rover pro Vagner e a Pate ganharem a blusa, mas depois que vimos no mapa a localização do Wild Rover não parecia muito interessante pra gente, porque quase todos os passeios acabavam na Plaza San Francisco, então gastaríamos todos os dias dinheiro pra voltar de táxi pro hostel.
Como a gente já tava perto das agências de turismo, antes de resolvermos a questão do hostel decidimos pesquisar os valores do passeio de Downhill que faríamos no dia seguinte e os valores do Chacaltaya + Valle de la Luna que faríamos no dia seguinte ao Downhill.
Como muita gente indicou a empresa Xtreme Downhill (em relatos e durante a própria viagem) como uma excelente empresa, achamos que valia a pena gastar um pouquinho mais num passeio tão perigoso (não é uma boa ideia economizar quando falamos das nossas vidas, né?).
Estávamos em frente a Xtreme Downhill e fomos cativados pela simpatia da atendente que se chamava Luz. Ela explicou tudo com muita calma e acabamos fechando lá mesmo, apesar do preço estar muito acima do que tínhamos pensado.
Conseguimos um desconto de 30,00 bolivianos e pagamos um total de 450,00 bolivianos pelo passeio que incluía: transporte, café da manhã, dois guias, equipamentos, bicicleta de dupla suspensão, almoço buffet num sítio com piscina e camisa. Ah! No dia do passeio, ainda são cobrados mais 50,00 bolivianos de taxa (sei lá pra que, mas geral paga).
DICA: É muito importante que vocês peguem uma bicicleta boa, principalmente pra quem é iniciante no esporte. A bicicleta de apenas uma suspensão vai ser bem mais barata, mas não compensa o perigo e o desconforto de ficar sacolejando ao longo de quase 63 km.
Pegue uma bicicleta de dupla suspensão que vai te dar mais segurança na hora de pilotar e muito mais conforto pros seus punhos e pra sua bundinha rs.
A gente tava sem dinheiro suficiente, então decidimos trocar dinheiro na própria agência que fez uma cotação boa de 6,95 bolivianos por dólar. Trocamos 100,00 dólares o que nos deu uma bolada de 695,00 bolivianos.
Acertamos tudo com a Luz, que horas nos pegariam no hostel (ficamos de mandar um whatsapp pra ela confirmando em que hostel ficaríamos), nossos tamanhos de equipamento e blusas e seguimos para fechar o passeio do Chacaltaya + Valle de la Luna em outra agência.
Talvez esse tenha sido nosso erro. Talvez se fechássemos tudo na mesma agência conseguiríamos um desconto melhor, mas a Xtreme Downhill só faz o passeio do Downhill e não tínhamos outras referências de empresas sérias.
Entramos e saímos de várias agências até que decidimos fechar na Bolívia Ingel o passeio do Chacaltaya + Valle de la Luna por 78,00 bolivianos (sem almoço incluso) + 30,00 bolivianos de taxa no local, sendo que as outras estavam nos cobrando 90,00 bolivianos + a taxa.
Lá, a senhora nos indicou um hostel que ficava na rua de cima, bem movimentada e cheia de comércios e restaurantes. O nome do hostel era Muzungu (Calle Illampu esquina Santa Cruz A 441, La Paz).
Acertamos tudo com a mulher sobre o passeio do Chacaltaya + Valle de la Luna e fomos lá no Muzungu ver se tinha vaga pra gente. Fechamos um quarto pra nós quatro por 55,00 bolivianos cada com café da manhã incluído.
Eu e Elisa ficaríamos uma noite a mais que o Vagner e a Pate, então, mudamos pra um quarto de 20 pessoas na última noite onde pagamos 35,00 bolivianos cada (sem café da manhã) e negociamos com o dono de pagar só 45,00 bolivianos na primeira noite, já que não tomaríamos café da manhã no hostel (porque teríamos no passeio de Downhill).
Tudo certo, subimos pro quarto pra deixar nossos mochilões e ir jantar logo em seguida. Fomos num restaurante de massas chamado Mozzarela, logo na esquina da outra rua. E adivinha quem a gente encontrou por lá? Emiliano e Marina! Juntamos as mesas e a galera dividiu duas pizzas e eu pedi um macarrão Alfredo e um suco de laranja e paguei 45,00 bolivianos.
Voltamos para o hostel e apesar da gente estar bem localizado e o hostel ser de boa, as pessoas que frequentavam o hostel tornaram nossa estadia de 5 dias lá insuportável. Era um hostel de Israelenses, ou seja, 90% das pessoas eram jovens porra loucas que faziam tudo que bem entendiam, desde gritarem no corredor às 4:00 da madrugada até largarem absorventes usados no chuveiro.
Eu acredito que nem todos os israelenses sejam assim, mas os que estavam hospedados lá naquela semana tocavam o terror legal. A gente se irritou muito, mas não podíamos falar nada por ser minoria e eles andarem em bando.
Enfim, só recomendo esse hostel se você estiver com um grupo fechado e quiser testar o limite da sua paciência, caso não, é melhor procurar outro hostel.
DICA ESPERTA:
Depois soubemos de uma empresa séria e comprometida que também fazia o passeio do Downhill e Chacaltaya + Valle de la Luna por um preço super barato. O nome da agência é Arco Travel (Calle Sagarnaga Y Murillo, nº 213 segundo andar) e ela fica dentro de uma galeria (acho que o nome da galeria é “Doryan” que tem crepes maravilhosos no primeiro andar.
Os valores normais aplicados por eles são: 350,00 bolivianos pra bicicleta dupla suspensão (+ 50,00 bolivianos de taxa no local) e 90,00 bolivianos pro passeio do Chacaltaya + Valle de la Luna (+ 30,00 bolivianos de taxa no local).
Sendo que conhecemos dois brasileiros que fecharam lá e choraram muito um desconto que conseguiram fechar o pacote todo (com todas as taxas incluídas) por 420,00 bolivianos! Quase chorei quando ouvi isso!
Enfim, fomos dormir porque no dia seguinte marcamos da van ir nos buscar no hostel às 7:00 pra seguirmos pro café da manhã e depois Downhill.
Vou comentar rapidinho sobre o que esperar dos dois passeios:
Downhill pela Estrada da Morte
O Downhill é considerado um dos passeios mais perigosos e de maior adrenalina em La Paz. Não tem como ir à La Paz e não fazer o Downhill pela Carretera de la Muerte.
O passeio é sensacional e consiste em ir de van até um certo ponto da estrada, tomar café da manhã por lá, pegar as bikes, vestir os equipamentos, ouvir as instruções dos guias, treinar numa área aberta pra ver a altura do banco e os freios (muito importante rs) e iniciar a descida.
Os 25 km iniciais são no asfalto (parte fria pra caraca onde você vai ter a sensação de que seus dedos congelaram) e depois os 38 km restantes você faz na estrada da morte propriamente dita, com pedras soltas, barro, cachoeira, rios… É muito irado!
Esse é um daqueles passeios que você TEM QUE fazer quando visita um lugar, se não vai se arrepender pelo resto da vida! Tá na chuva é pra se molhar!!!!
Chacaltaya e Valle de la Luna
É um passeio bem comum pra quem visita La Paz. Consiste em: na parte da manhã, conhecer a montanha Chacaltaya era a estação de esqui mais alta do mundo, 5.421m de altitude, hoje desativada pela escassez de neve (aquecimento global mudando a por*a toda).
Na parte da tarde, você volta pra La Paz e segue pro outro lado da cidade, numa região chamada Valle de la Luna, onde vai ver uma formação geológica muito interessante (parece um formigueiro gigante) formada pela erosão ao longo dos anos através da chuva, vento, sol e rio. Voltamos do passeio por volta das 16:00.
Esse passeio é sempre fechado em conjunto, mesmo que você só queira fazer o Chacaltaya, por exemplo. No entanto, é possível pedir pra descer na cidade quando estiver voltando da montanha, sem a necessidade de ir conhecer o Valle de la Luna. Mas, eu acho que vale muito a pena visitar, porque tem uma formação geológica bastante interessante.
Preparem-se pro próximo capítulo porque vai ser MUITO FODA!!!
SALDO DO DIA:
– 20,00 bolivianos – Café da manhã
– 25,00 bolivianos – Barco de volta para Copacabana
– 3,00 bolivianos – Papel Higiênico
– 1,00 boliviano – Banheiro
– 7,00 bolivianos – Empanada
– 2,00 bolivianos – Barco para atravessar o Estreito de Tiquina
– 1,00 boliviano – Banheiro
– 3,00 bolivianos – Alfajor
– 450,00 bolivianos – Passeio de Downhill pela Xtreme Downhill
– 78,00 bolivianos – Passeio do Chacaltaya + Valle de la Luna
– 45,00 bolivianos – Jantar
* Trocamos 100,00 dólares = 695,00 bolivianos (cotação de 6,95 bolivianos por dólar)
TOTAL: 635,00 bolivianos
PRÓXIMO CAPÍTULO: (CAP.21) Downhill na Death Road em La Paz
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Confira o Capítulo 19: