Como é viajar na terceira idade: Belezas e desafios
Descubra como é viajar na terceira idade pelo relato lindo da Dona Sônia, uma mulher que ama viajar e não parou depois que passou dos 70.Dona Sônia é seguidora antiga e muito fiel do Vida Mochileira. Ela me segue desde o comecinho e em 2019 tivemos o prazer de nos conhecer pessoalmente quando ela veio na Inglaterra pra visitar a filha dela.
Nas nossas conversas, a Dona Sônia me contou um pouco de como é viajar na terceira idade e como que ela lida com os desafios que vêm com a idade. Nós gravamos dois vídeos pro meu Youtube e também um episódio pro Podcast Se Meu Mochilão Falasse.
Nesse post você vai ler:
- Quem é a Dona Sônia?
- O começo das viagens na década de 60
- Separação e tomada de decisões
- Uma nova mulher sedenta para ver o mundo
- Primeira viagem sozinha pela Europa
- Mais uma vez na Europa
- Viagem internacional sem falar inglês
- Mais uma vez na Inglaterra (finalmente conhecendo a Vida Mochileira)
- Não tenho medo de viajar sozinha na terceira idade
- Minha família fica preocupada, mas me apoia
- Viajar na terceira idade não é um bicho de sete cabeças
- Perrengues acontecem em qualquer lugar e com qualquer idade
- Conselhos de quem ama viajar e não parou mesmo depois dos 70
Quem é a Dona Sônia?
Olá gente! Me chamo Sônia Dantas, Soninha para os amigos. Nasci no Rio de Janeiro e tenho 80 anos, moro atualmente sozinha em Brasília. Tenho 3 filhos: Ana, André e Alessandra, 2 netas Natália e Thaís.
Todos criados e formados cada um seguindo o seu caminho e para completar, eu tenho uma bisneta linda com 6 anos que eu espero que tenha o mesmo espírito aventureiro e descolado da bisavó!
Gosto muito de viajar por aí, seja só ou acompanhada de familiares ou amigos pois, viajar é bom, enriquecedor e saudável desde que façamos com todos os cuidados necessários e tomando as devidas precauções quanto as nossas ações e modo de se portar durante as viagens.
Além de tudo, viajar me faz sentir livre, feliz, conheço lugares incríveis além de culturas e pessoas diferentes e legais e tudo isso é um aprendizado que me enriquece!!
Eu sou uma pessoa simples, sempre fui dona de casa, do lar como se diz. Casei cedo, aos 18 anos e logo nasceu a primeira filha ANA e, vivi sempre para cuidar da minha família, filhos e marido. Eu fazia de tudo para que eles pudessem voar alto e assim alcançar os seus objetivos e realizar os seus sonhos.
Por isso, eu nunca trabalhei fora. O meu trabalho era cuidar deles e hoje tenho certeza que meu esforço e dedicação não foram em vão. Eu cumpri a minha missão.
O começo das viagens na década de 60
Em 1962, mudamos para Brasília, onde eu moro até hoje. E, após esta mudança começamos a viajar todo ano – uma vez pelo menos – sempre de carro acampando por este Brasil afora.
Saíamos da nossa zona de conforto e íamos ao encontro da natureza, deixávamos de lado as facilidades que tínhamos para vivenciar um mês de férias diferente, dormindo em barraca de lona, cozinhando ao ar livre, conhecendo outras pessoas que também estavam fazendo a mesma coisa que nós.
Sentindo o cheiro da natureza, era desta maneira meio que rudimentar que tínhamos o privilégio de conhecer vários lugares numa mesma viagem gastando muito pouco. Era desafiador mas valeu a pena e aprendi muito. Acho que foi isto que aguçou em mim o gosto para viajar!
Separação e tomada de decisões
Após 34 anos de casamento me separei em 1996. Eu tinha 52 anos e a partir daí com os filhos criados e encaminhados a minha vida tomou outro rumo. Ficou na casa apenas eu e Alessandra, na época adolescente e bem perto de prestar vestibular.
Mas, eu tinha que tomar uma decisão sobre qual rumo eu queria para minha vida dali para frente, pois algo tinha mudado dentro de mim.
Não tive dúvidas! Comecei a tomar minhas decisões, de comum acordo com a Ale, é claro. Eu queria ter uma vida boa, alegre e saudável.
Eu deixei fluir de dentro de mim a vontade de ver o mundo lá fora, conhecer pessoas e lugares agora escolhidos por mim. De um momento triste surgiu uma nova mulher com sonhos e vontades próprias querendo desabrochar para o mundo, ser feliz sem deixar de ser aquela mãe zelosa, cuidadosa, preocupada em continuar incentivar seus filhos a buscar os seus sonhos.
Uma nova mulher sedenta para ver o mundo
E foi assim que eu comecei um novo ciclo de viagens, aproveitando que a Ale fazia parte de um Grupo de Dança (Ballet e Jazz) passei a viajar com este grupo para apresentações fora de Brasília.
As bailarinas eram na sua maioria adolescentes e estar com elas me fazia bem e preenchia o meu tempo com algo saudável que me deixava feliz e também por inserir em mim o gosto pela arte.
Ficávamos em alojamentos nas escolas, dormindo em colchonetes – era uma alegria! Finalmente o grupo foi convidado para fazer um curso de Ballet em CUBA e lá fomos nós enfrentar este desafio, tudo pela arte, desde a alimentação, alojamento, idas e vindas ao teatro tudo era precário. Foram muitos os perrengues, mas os aprendizados também foram incontáveis.
Foram momentos únicos que vivenciamos nesta viagem a Cuba. Uma cultura e modo de vida diferentes do nosso. Saímos muito da nossa zona de conforto, mas estar no meio daquelas jovens me dava forças para ampará-las e suportar a extensa carga horária dos ensaios que era muito diferente da que elas estavam acostumadas!
Foi uma viagem desafiadora, mas conseguimos vencer e hoje, relembrando tudo que passamos, dá vontade de chorar e rir ao mesmo tempo.
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Primeira viagem sozinha pela Europa
Em 2009, eu fiz a minha primeira viagem sozinha para a Europa, fui para Inglaterra para a cidade de Newcastle onde a minha filha Ale fazia o seu Doutorado. Na época eu tinha 65 anos e fui sem medo e muito confiante.
Peguei um voo da TAP saindo de Brasília com conexão em Lisboa e cheguei a Londres, onde a Ale me esperava. Passamos um dia em Londres e pegamos o trem para Newcastle. Ela morava em uma casa com mais 7 pessoas, tipo uma república de estudantes de nacionalidades diferentes e, como a casa era grande e velha, cada um tinha seu quarto, mas as outras dependências eram comuns a todos.
Eu me adaptei facilmente, mesmo não falando inglês, falava poucas palavras, mas me comunicava com eles e fiz amigos que conservo até hoje. Claro que houve momentos hilários por conta do meu pouquíssimo vocabulário em inglês, mas eu não tava nem aí.
Me divertia bastante, pois saindo da sua zona de conforto tudo pode acontecer e eu prefiro levar numa boa.
Nesta viagem de 2009 eu ainda fui a Edimburgo (Escócia), Paris, Bruxelas e Brugge, fui com a Ale. Adorei tudo que vivi e conheci. Voltei sozinha para o Brasil!
Mais uma vez na Europa
Em 2011, novamente eu voltei a Newcastle com o objetivo principal de assistir a Graduação de PHD da minha filha Ale. Eu tinha 67 anos e aproveitando que ela veio de férias ao Brasil, eu fui com ela para Inglaterra. Agora ela já morava sozinha em Newcastle.
Emoções a parte, na companhia de um casal amigo que foi do Brasil prestigiar a Ale, resolvemos dar um breve passeio pela Europa e assim fomos a Edimburgo, Barcelona e Berlim.
Depois eu e Ale retornamos a Newcastle de avião via Glasgow e foi aí que um perrengue aconteceu, pois fui barrada na imigração no aeroporto. Mas, com a intervenção da Ale foi resolvido e eu fui liberada e pegamos o trem para Newcastle. Coisas de viagem, o importante é manter a calma!
Depois voltei sozinha para o Brasil, mas na conexão em Paris tive outro perrengue e desta vez eu estava sozinha, embora tivesse um acompanhamento da cia aérea comigo (eu estava na cadeira de rodas).
O meu voo vindo de Newcastle chegou com folga a Paris, mas fui informada que o voo para o Brasil já estava encerrado e eu tinha q esperar até a noite para pegar outro voo. Não aceitei e liguei para Ale e ela falou com a pessoa encarregada lá em Paris e disse que eu não podia esperar, que eu tinha que ir naquele voo.
Conclusão, me levaram até a porta do avião, que na verdade não estava com embarque encerrado pois ainda tinham pessoas embarcando e eu entrei naquele voo. Por isso, a gente tem que saber se virar senão eles te passam a perna. Mas, como sempre foi uma ótima viagem!
Viagem internacional sem falar inglês
No ano de 2013, com meus 69 anos, eu fiz uma nova viagem para Newcastle, mas desta vez fui com minha filha Ana. Chegamos lá e encontramos nossa prima Vera que estava na casa da Ale e juntas eu, Vera, Ana e Natalia minha neta que se juntou a nós em Roma iniciamos uma aventura pela Europa sem falar inglês só português!
Ale fez todo um roteiro para nós, com passagens de trem, avião (low Cost), hospedagem e tudo mais. Saímos de trem de Newcastle direto para Londres, onde nos hospedamos em um hotel e de lá fomos para rua conhecer um pouco da cidade: Museus, Parlamento, Catedral, a famosa troca da Guarda da Rainha e tudo mais.
Após 3 dias em Londres, nós pegamos um voo para Roma, depois Florença, Paris, Marseille, Montpellier, Possan e Nice. Foram uns 15 a 20 dias viajando um pouquinho em cada lugar, curtindo as belezas desses lugares, nos divertimos com tudo.
Conhecemos pessoas, nos hospedamos em hostels, pousadas, hotéis, mas tudo gastando pouco. Nos virando do jeito que dava para ir e vir e, com certeza, passamos vários perrengues, mas tudo era diversão e até hoje lembramos com carinho desta aventura que nos faz dar boas risadas. Foi muito divertida e foi um batidão!
Voltamos para Newcastle e 2 dias depois fomos para Amsterdã, agora além da turma da aventura, se juntaram a nós a Ale e o Mauro marido da Vera que chegou lá. Ficamos 2 dias nesta cidade linda que é Amsterdã e logo retornamos a Newcastle e depois a turma retornou ao Brasil, mas eu fiquei mais uns dias com a Ale e voltei sozinha para Brasília!
Faço aqui um parênteses para agradecer muito a minha filha Ale que me proporcionou todas estas viagens e fez com que eu tomasse gosto em viajar! Obrigada filha! Te amo!
Mais uma vez na Inglaterra (finalmente conhecendo a Vida Mochileira)
Mas, o ciclo de viagens continuou e em 2019 eu voltei a voar para Inglaterra, agora com 75 anos. Fui visitar Ale em Exeter onde ela trabalhava e morava. Dessa vez eu fui e voltei sozinha.
Foi uma viagem meio que no tranco, porque eu queria ir, mas os meus filhos e até amigos achavam que seria perigoso eu ir sozinha, pois fazia 3 meses que eu tinha tido uma crise severa de bronquite e asma e fiquei 8 dias internada com pneumonia (pela quarta vez).
Mas, eu não desisti fui firme na minha decisão de fazer esta viagem. Fui ao meu médico que me liberou e me deu as receitas caso eu precisasse. Comprei as medicações, passagem, seguro viagem, escolhi meu assento na aeronave, pedi o acompanhamento na cia aérea e lá fui eu, de mochila nas costas e levando mais uma mala.
Saí de Brasília para o Rio e de lá peguei o voo para Londres. Foram 13 horas de voo nestes trechos sem contar as esperas nos aeroportos. Deu tudo certo, os voos foram uma beleza e chegando em Londres, como sempre, a Ale estava me esperando e logo pegamos o trem para Exeter.
Ao todo foram 16 horas viajando, mas eu estava feliz me sentindo poderosa! Chegando lá, eu encontrei uma prima que foi visitar a Ale e ia ficar só 2 dias. Mesmo cansada, eu fui para a rua com ela, conhecer um pouco da cidade pois cada minuto é precioso quando se viaja.
Vale ressaltar que no trecho entre Rio e Londres eu fiz logo amizade com as pessoas ao meu lado: uma mãe e seu filho Pedro (12 anos) e fomos conversando e a viagem toda. Foi ótimo! Tirando o fato que eu fui ao banheiro da aeronave e fiquei presa, pois não sabia abrir a porta para sair (HAHAHA), mas no final das contas me ajudaram!
Em Exeter foi tudo maravilhoso, rever Ale após 3 anos e desfrutar da sua hospitalidade e companhia vale qualquer esforço. Essa viagem foi incrível pois conheci pessoas legais, lugares nos arredores da cidade, fui ao teatro, fui a Pubs, passeei muito sozinha pela cidade conhecendo cada pedacinho das belezas locais, sua gente e costumes.
Foi lá que eu conheci pessoalmente a Mary (do Vida Mochileira), que eu já seguia no Instagram por indicação da minha neta Thais que estudou jornalismo na UFRJ onde a Mary estudou também e assim antes de viajar mandei mensagem para ela dizendo que queria conhecê-la e ela aceitou.
Mesmo morando em Exeter a Ale não conhecia a Mary. Então, nos encontramos na cidade e fomos tomar um café, batemos um papo e nos tornamos amigas. Foi um encontro bem legal, ela me acolheu super bem, fez várias entrevistas comigo e postou no seu Youtube, onde eu falo um pouco sobre as minhas viagens.
Foi nesta viagem que eu fui sozinha de trem a Londres com apenas uma mochila nas costas. Lá eu fui reencontrar uma amiga dos meus tempos de escola (adolescente) que eu não via há 50 anos mais ou menos. Fiquei 5 dias na casa dela, em Londres.
Um dia ela me deixou em Camden Town e eu andei sozinha por aquele logradouro movimentado com um vasto comércio cheio de turistas e coisas e pessoas exóticas e eu ali, admirada com tudo, me sentindo poderosa.
Entrei em lojas e no mercadão sem ver o tempo passar, foi aí que eu me perdi. Passei do ponto onde deveria pegar o ônibus de volta para a casa da minha amiga. Tudo bem, não fiquei nervosa e sai caminhando. Acho que andei cerca de 3h30 até chegar na casa dela. Desta vez conheci e andei na famosa faixa dos Beatles que eu tanto queria e fiz várias vezes, se foi mico não sei mas matei minha vontade de fazer (HAHAHA).
Não tenho medo de viajar sozinha na terceira idade
Eu não tenho medo algum em viajar sozinha, porque quando viajo eu sei que perrengues podem acontecer, mas eu viajo bem monitorada com seguro viagem, levo documentos que provam que eu tenho residência fixa no Brasil além, é claro, de antes fazer uma consulta médica para saber se está tudo ok. Eu levo os medicamentos necessários, uma carta convite no caso de eu ficar na casa de alguém ou nome do hotel onde eu for me hospedar.
No início quando comecei a viajar para o exterior eu não falava quase nada de inglês, mas isto não era problema pois na hora a gente se vira, faz gestos (mímica) e outra maneira é saber as palavras básicas em inglês tipo bom dia, boa tarde, boa noite, obrigada, desculpas e por aí afora
Além disso, eu sempre levo um caderninho com algumas frases já feitas e estudo e treino bem em casa. Mas, agora com o Google Tradutor tudo fica mais fácil. Eu não falo inglês, mas sei que as palavras chaves usadas com os verbos formam frases.
Eu sempre digo “I don’t speak English very well I speak some words so so!”. Hoje em dia já posso me comunicar um pouco na rua quando viajo. E, foi assim em Exeter quando eu ia ao mercado fazer compras, ia às lojas comprar algo ou até conversava com pessoas na rua e conseguia me comunicar usando as palavras chaves.
Fui me virando sem me irritar ou ficar chateada por não falar inglês, afinal eu viajo para me divertir, me distrair e aproveitar ao máximo a viagem, por isso que aceito as coisas numa boa. É assim que eu me viro nas minhas viagens, quero é ser feliz!
Minha família fica preocupada, mas me apoia
Minha família me apoia quando eu quero viajar, entretanto, ele se preocupam devido aos meus problemas respiratórios. Eu tenho bronquite asmática grave, já tive 4 pneumonias que me levaram 3 vezes para UTI.
Nesta última viagem, eu fiquei 8 dias internada com pneumonia devido à crise de bronquite, 3 meses antes da viagem, fato que deixou todos os familiares e amigos preocupados em eu viajar sozinha para Exeter.
Mas eu continuei firme, não desisti, viajei e tudo deu certo. Se ficar pensando que vai passar mal, que algo de ruim vai acontecer, você não viaja e acaba ficando na mesmice de sempre.
Viajar na terceira idade não é um bicho de sete cabeças
A minha idade não me impede em nada de viajar, muito menos meus problemas respiratórios, embora as pessoas se preocupem. Eu vou tranquila. Se eu estiver bem e com a permissão do meu médico, eu vou.
Já fui várias vezes para a Europa e não senti nada, pode chover, ventar, esfriar que nada acontece. Cheguei à conclusão que a minha bronquite adora o clima europeu ( HAHAHA).
Em qualquer viagem acontecem coisas inesperadas, perrengues e comigo não foi diferente, uns chatos e outros normais, faz parte.
Aqui no Brasil iniciando uma viagem para Natal, já acomodada no meu assento, fui convidada pelo comandante a me retirar da aeronave porque a aeromoça notou que eu estava com a respiração um pouco ofegante e seria temeroso eu viajar assim e passar mal quando estivesse voando.
Me recusei a sair e disse que estava bem, mas chamaram os paramédicos que constataram que minha pressão e oxigenação estavam boas e ou eu saia ou assinava um termo me responsabilizando se algo acontecesse.. Continuei firme no meu assento, assinei o termo e viajei tranquila nada aconteceu.
Em Londres na viagem de 2009, eu fui assistir um musical com Ale e uma amiga dela e na saída andando pela rua movimentada cheia de pessoas passou um jovem e me deu um beijo no rosto assim sem eu esperar e saiu correndo rindo dizendo “Thank you”.
Em Paris, esperando para entrar no metrô levei um tremendo empurrão de um idoso que saía apressadamente de dentro do vagão e quase me derrubou. Da outra vez em Newcastle, saindo da missa um senhor me abordou e falou alguma coisa, mas eu não entendi aí ele fez mímica e entendi que ele tava pedindo pra me namorar ou casar sei lá, falei que não, que eu já era casada e ele desistiu e foi embora.
Na viagem a Barcelona fui roubada, perdi meus euros, mas minha amiga me emprestou e na volta desta mesma viagem fui barrada na imigração em Glasgow.
Perrengues acontecem em qualquer lugar e com qualquer idade
Eu costumo dizer que eu fui pedida em namoro em Newcastle, beijada em Londres, agredida em Paris e roubada em Barcelona (hahaha)! Nesta última viagem, eu me desencontrei da minha amiga quando cheguei na estação em Londres, mas com um vocabulário melhorzinho consegui perguntar aqui e ali e encontrei minha amiga.
Finalmente me perdi ao sair do Camden Town, era tanta coisa para ver que passei da parada do ônibus. Daí entrei em um outro ônibus, mas o motorista mandou eu descer porque não podia pagar com dinheiro, só com um cartão próprio para isso e eu não tinha.
Numa boa eu desci e comecei a andar, eu tinha o endereço e fui. Andei muito na certeza que ia chegar lá, no caminho vi uma moça e resolvi perguntar se estava no caminho certo. Com meu inglês básico falei que estava perdida se ela podia me ajudar.
Ela aceitou e fomos caminhando e conversando até a casa da minha amiga, não me pergunte mas usando minhas poucas palavras básicas me fiz entender e no final ela me disse que eu era uma mulher de muita coragem, pois fazer uma viagem desta e andar em Londres sozinha na minha idade e sem falar bem o inglês era ser muito corajosa.
Disse que teve muito prazer em me conhecer e esse é mais um motivo para eu me sentir poderosa, feliz e também ver que apesar de tudo eu ainda sou capaz! Tem que tentar, ter confiança em si mesma e tudo termina bem!
Conselhos de quem ama viajar e não parou mesmo depois dos 70
Assim são as minhas viagens, aprendo muito com tudo, me divirto, conheço pessoas, culturas e lugares diferentes, mesmo sem falar a língua local muito bem. Isso nunca foi nem será uma barreira que me impeça de viajar!
Outra coisa que estou aprendendo ao viajar é sobre bagagens, tenho procurado diminuir muito tudo que levo na mochila. Aprendi com a Mary sobre isso, que há vários tipos e peso de mochilas.
Para andar na cidade eu uso a minha mochila de ataque que é menor, mais leve e ajuda muito, pois fico com as mãos livres, mas nas viagens eu sempre levo uma mochila na faixa de 25 a 30 litros no máximo, pois devido a minha idade não é legal levar muito peso nas costas. Sendo assim, hoje em dia eu levo além da mochila uma mala de bordo ou uma mala média dependendo para onde vou.
Qualquer viagem que eu faço eu peço o acompanhamento nas cias aéreas, é um direito pois tenho mais de 65 anos, o meu caminhar já não é tão vigoroso como outrora e porque não usá-lo se tenho esta opção que me traz conforto e segurança? Não tenho vergonha alguma em ir na cadeira de rodas, pelo menos vou mais rápido e me deixa na porta da aeronave.
Às vezes, devido a minha idade (estou com 80 anos), as pessoas não entendem ou acham esquisito meu modo descolado para viajar: mochila nas costas, tênis, calça jeans ou de malha… Tudo muito informal e descontraído mas, é o meu jeito, é como me sinto bem! Nada de bolsas enormes, salto alto, colares e tudo mais, essa não sou eu.
Para finalizar quero dizer que viajar é muito bom, não importa a idade basta querer e poder. O mundo está aí com coisas lindas para nos encantar, ensinar e desafiar.
Eu tenho aprendido muito com as minhas viagens, Saí muito da minha zona de conforto e não me arrependo. As pessoas de mais idade como eu devem sair da mesmice de ficar em casa. Vão se divertir viajando, vão sentir novos ares e vislumbrar novos horizontes, isto nos dá um novo ânimo com certeza.
Aos jovens que têm uma vida pela frente eu digo, vão à luta, saiam da sua zona de conforto sem medo, vocês podem, vão realizar seus sonhos, conhecer lugares novos, fazer novas amizades seja para estudar, trabalhar ou simplesmente passear.
Existem várias opções para vocês que têm a juventude florescendo, pois pelo mundo tem os hostels onde se faz voluntariado que é uma opção legal para vocês se aventurarem em conhecer o mundo e ser feliz!
Esqueçam o medo, ele só existe para aqueles que não querem sair da sua zona de conforto e não acreditam na sua capacidade de voar para o mundo e ser feliz!
Uma dica valiosa para vocês, sigam a Mary (@vidamochileira) pois ela sabe tudo sobre voluntariado e eu aprendi muitas coisas com ela, então vão lá!
Bora viajar galera! Tem muita coisa boa para ver e aprender neste mundo!
Boa Viagem a todos!!
Um abraço