Como é viver na Inglaterra: moradia, estudo e trabalho
Oiii gente!
Como eu recebo muitas mensagens e e-mails perguntando como eu vim parar na Inglaterra e como muita gente também me pergunta sobre o início da minha Vida Mochileira, eu decidi compartilhar com vocês um pouquinho da minha história!
Antes de você começar a ler esse post, eu super recomendo que você assista esses vídeos:
– Passo a passo do meu processo de ir morar na Inglaterra;
– Prós e Contras de morar no exterior;
– A conversa que mudou a minha vida;
– Carreira no Brasil X Subemprego no exterior
Nesse post você vai ler:
- Um pouco da minha história
- Como tudo começou aqui na Inglaterra!
- Sobre os meus empregos na Inglaterra
- A razão de ter ido embora do Brasil
- Por que eu escolhi a Inglaterra?
- O idioma foi uma barreira?
- Como consegui alojamento quando cheguei?
- Como foi para trabalhar na Inglaterra?
- Como eu conheci meu namorado tcheco aqui na Inglaterra?
- Como é viver na Inglaterra
Um pouco da minha história
Eu tenho 26 anos, sou carioca (nascida e crescida no Rio de Janeiro. Alô Freguesia! Alô Jacarepaguá!) e formada em publicidade pela UFRJ. Hoje em dia moro em Exeter na Inglaterra com meu namorado tcheco Mark.
Pra entender como eu vim parar na Inglaterra precisamos voltar uns 6 anos no tempo, que foi quando eu fiz o meu primeiro intercâmbio. Em 2011, eu fiz um Work Experience na Universal Studios em Orlando durante o período de férias da faculdade. Foi a primeira vez que eu viajei sozinha, a primeira vez que andei de avião e a primeira vez que saí do Brasil.
Quando fiz esse intercâmbio o meu inglês era bem básico mesmo e eu falava mais em português com os brasileiros que foram comigo pelo mesmo programa de Work Experience do que em inglês com os americanos.
Eu tinha vergonha de errar, tinha vergonha das pessoas me zoarem pelo meu pouco vocabulário, tinha vergonha de falar inglês em público, ou seja, eu basicamente não aprendi nada da língua inglesa nesse intercâmbio, mas aprendi muito sobre a cultura americana, conheci novos lugares, fiz muitos amigos e foi aí que começou a crescer a sementinha de querer desbravar o mundo.
Em 2012 eu tive a oportunidade de fazer um intercâmbio universitário em Portugal pelo programa Ciências sem Fronteiras do Governo da Dilma. Foram 10 meses estudando Comunicação Social na Universidade da Madeira na Ilha da Madeira e foi dessa vez que a vontade de explorar o mundo veio forte e decidida a ficar.
Eu fiz muito amigos nesse intercâmbio, visitei mais de 20 países da Europa e fiz meu primeiro mochilão completamente sozinha. Viajei 30 dias pela Europa só com o meu mochilão e a minha câmera e foi uma das viagens mais marcantes da minha vida. Foi uma viagem de turismo, mas que culminou numa viagem profunda de autoconhecimento e propósito.
Voltei para o Brasil em 2013 decidia que moraria no exterior, não por eu não gostar do Brasil (eu amo muito o meu país), mas por ter vivenciado uma qualidade de vida tão maravilhosa na Europa que acabei não conseguindo me adaptar à rotina caótica e maçante do Brasil que faz com que as pessoas vivam pra trabalhar.
Todo dinheiro que você ganha no Brasil vai basicamente pra pagar as suas contas e os altos impostos, a violência te faz prisioneiro dentro da sua própria casa, a qualidade dos transportes públicos, da saúde e da educação faz você se questionar todos os dias pra onde tá indo todo o dinheiro dos impostos. Enfim, você basicamente trabalha pra muito e tem pouco retorno.
Quando voltei de Portugal, voltei decidida a investir tempo e dinheiro pra dar entrada no processo de dupla cidadania portuguesa que eu tenho direito por ser neta de portugueses.
Como minha vó está viva, ela me ajudou na coleta dos documentos que eu precisava pra dar entrada no meu passaporte português. O processo durou em torno de 1 ano e em Fevereiro de 2015 eu finalmente consegui meu passaporte português!
Desde o dia que eu consegui meu passaporte comecei a pensar em qual país da Europa eu iria morar, já que quem tem passaporte europeu não precisa de visto pra morar e trabalhar na zona da União Européia.
Como o inglês sempre foi uma barreira pra mim, decidi ir pra Inglaterra pra estudar inglês e trabalhar. Combinei comigo mesma que depois que tivesse um inglês aceitável eu decidiria pra onde ir e o que fazer da minha vida, já que a Inglaterra nunca foi meu objetivo/destino final (odeio frio).
“Eu vim para a Inglaterra aprender inglês e viver novas experiências pessoais e profissionais, mas minha intenção nunca foi viver na Inglaterra pra sempre.”
Pedi demissão no meu emprego no Brasil. Eu era Analista de Comunicação numa empresa de desenvolvimento de projetos incentivados e apesar de estar construindo uma carreira na área que me formei e lutei tanto pra ganhar meu espaço, as longas horas de trabalho, o salário baixo e a falta de reconhecimento sempre me fizeram questionar até onde vai a importância da carreira e do status se comparada â sua felicidade.
Quantas pessoas são diretoras de empresas e não são felizes, mas mantém o cargo por puro status? Eu tava cansada de ter que ficar provando meu potencial como pessoa e profissional todos os dias pra uma sociedade que não valoriza as pequenas coisas da vida, como um fim de tarde na praia com a família.
A gente tá sempre na correria no Brasil, a gente tem tempo pra tudo que envolve trabalho, mas quase nunca tem tempo pro que realmente importa: família e amigos. Eu trabalhava em média 10 horas por dia todos os dias da semana.
Saía de casa cedo, pegava trânsito, trabalhava até tarde, saia do trabalho, pegava mais trânsito e chegava em casa sem força nenhuma pra fazer nada, ou seja, sobravam dois dias pra viver um comercial de margarina com a minha família nos finais de semana (se eu não tivesse trabalhando) e quando eu percebi, tava vivendo em função do meu trabalho.
Pedi demissão e comprei minha passagem pra Inglaterra. Escolhi Exeter porque o meu ex professor particular de inglês tinha uma cunhada brasileira que morava nessa cidade e ficou de alugar um quarto pra mim na casa dela. Como meu inglês era uma merda, achei que seria melhor ir pra Exeter mesmo onde eu teria alguém que pudesse me ajudar nos primeiros meses.
Apesar de não gostar de Exeter por ser uma cidade muito pequena se comparada ao Rio de Janeiro e ser uma cidade relativamente de idosos e estudantes (não tem muito movimento na cidade, tudo fecha às 18:00), acho que foi a melhor opção que eu poderia ter escolhido em termos de aprender inglês.
Se você vai pra Londres você fica cercado de brasileiros e acaba falando mais português do que inglês (que foi o que aconteceu comigo no meu primeiro intercâmbio) e aqui em Exeter eu só conheço 6 brasileiros e a gente raramente se encontra, ou seja, eu precisei aprender inglês pra sobreviver e hoje já me considero super avançada! Afinal, eu tenho um namorado tcheco onde a nossa punica opção é conversar em inglês!
Como tudo começou aqui na Inglaterra!
Como eu sabia que meu passaporte português iria chegar em Fevereiro de 2015, eu comecei a planejar todo meu processo de mudança pra Inglaterra em Novembro de 2014. Fiz umas contas e comecei a juntar dinheiro e focar no meu objetivo.
Deixei de ir em muita balada com os meus amigos, deixei de fazer algumas viagens, levava minha própria água (na bolsa) pra todos os lugares que eu ia pra não ter que gastar dinheiro na rua, levava marmita quase todo dia pro trabalho, fiz muito trabalho extra como promotora de eventos e fui juntando dinheiro da forma que dava!
O passaporte chegou no final de Fevereiro e eu pedi demissão em Março e comprei a passagem pra Inglaterra. Em Maio de 2015 eu tava chegando na Inglaterra, na casa de uma brasileira que eu nunca tinha visto na vida e que tinha falado apenas uma vez, dois dias antes de chegar na casa dela.
Meu ex professor de inglês tinha combinado tudo com ela e eu sabia que casa eu tinha, mas vim pra Inglaterra sem emprego certo, sem curso de inglês fechado e praticamente sem falar inglês.
Eu tava morrendo de medo, me cagando nas calças de ter feito a maior merda da minha vida (afinal, larguei minha carreira na publicidade (ou dei um tempo, sei lá, nunca se sabe) e tive que dizer adeus pra minha família e pros meus amigos), mas eu sempre fui muito de pagar pra ver. Nunca deixei o medo criar uma barreira nos meus sonhos e lá fui eu sozinha no avião em direção à Inglaterra.
Eu cheguei na Inglaterra com exatamente £1.700,00 libras em dinheiro e isso era tudo que eu tinha. Com esse dinheiro eu conseguiria me manter por 3 meses sem emprego e só, ou eu arranjava um emprego assim que chegasse ou taria embarcando de volta pro Brasil em 3 meses e não completaria meu objetivo de aprender a caceta do inglês de uma vez por todas!
Como eu tinha contas pra pagar (aluguel, plano de internet, supermercado, bilhete do ônibus e curso de inglês) e queria ficar na Inglaterra mais do que 3 meses eu precisava arranjar um emprego o mais rápido possível, mas como meu inglês era super básico (uma merda pra ser bem sincera), eu não iria conseguir nada na minha área da publicidade.
Sobre os meus empregos na Inglaterra
Antes de embarcar pra Inglaterra eu mandei uma mensagem pra brasileira que iria me alugar o quarto (o nome dela é Simone) e disse que aceitava qualquer emprego e que se ela soubesse de algo era pra falar de mim!
Eu embarquei numa quarta-feira à noite pra Inglaterra e cheguei nas terras da Rainha na quinta-feira e por coincidência eu encontrei a Simone no aeroporto e ela me pegou e foi aí que tudo começou a mudar na minha vida! Eu comecei a experimentar e vivenciar coisas novas que eu nunca me imaginei na vida fazendo!
Só pra vocês entenderem, a Simone trabalha com transfer de Exeter pro aeroporto e vice-versa, mas só pra famílias árabes, já que ela é mulçumana e ama dirigir (sim! Eu também fiquei chocada em conhecer uma brasileira que é mulçumana, mas a Simone é a mulçumana mais feliz e alegre, porra louca que você vai ouvir falar na vida!).
Quando ela me pegou no aeroporto por coincidência tava indo pegar também uma família árabe que tava vindo passar férias em Exeter e eles precisavam, adivinhem de quê… de uma babá!
Simone já tinha falado de mim pra família e como eu tava no avião e tava sem internet eu não tinha visto a mensagem e adivinhem… Ela disse que eu topava ser babá da família com maior prazer! Hahahahahaha
E quando ela me pegou no aeroporto, ela me perguntou se eu queria mesmo e eu não pensei duas vezes e disse que sim! Eu precisava do dinheiro e tinha vindo pra Inglaterra justamente pra viver novas experiências, não é mesmo?
Trabalhei como babá por 3 semanas (comecei a trabalhar um dia depois que cheguei na Inglaterra), já que a família tinha vindo pra Inglaterra só pra passar férias mesmo. Eu fui com eles pra um resort e pra Londres e minha função era tomar conta da filha de 2 anos do casal, mas como a família que eu era babá encontrou os parentes aqui na Inglaterra eu acabei cuidando de 5 crianças ao mesmo tempo com idades entre 1 e 7 anos!
Ser babá foi uma experiência diferente, mas não voltaria a fazer. Como foi um bico que eu arrumei no dia que eu cheguei de viagem, nós não fizemos contrato e não acertamos nada muito formalmente. Eu acordava no mesmo horário que a criança (6:30 da manhã) e ia dormir quando ela e os pais iam dormir (23:00).
Eu não tinha folga e como não sabia falar inglês direito, acabei não sabendo expressar minha indignação. Além disso, eu achei uma puta responsabilidade com o filho dos outros. Mas, eu curti a experiência de forma mais abrangente!
Foi muito legal fazer parte de uma família com a cultura tão diferente da minha, foi muito interessante aprender coisas novas, viver novas experiências e viajar sem pagar nada (afinal, a família pagava tudo pra mim onde quer que a gente fosse).
Depois que a família foi embora eu consegui um emprego de bartender aqui em Exeter. Quando a família me disse que iria voltar pra Arábia Saudita em uma semana eu comecei a mandar meu currículo pros restaurantes da cidade através de e-mail e pelo próprio site dos restaurantes que, geralmente, tem uma área pra deixar currículo.
Além disso, existe um site muito bom chamado Gumtree. No Gumtree você encontra desde empregos até apartamentos, carros e móveis pra comprar.
Mandei meu currículo pra uns 15 ou 20 restaurantes e um deles me ligou no dia seguinte marcando uma entrevista. Fiz a entrevista numa quarta-feira e a gerente me convidou pra fazer o trial shift (tipo uma entrevista prática) na sexta-feira.
Eu tava muito perdida. Não tava entendendo nada do que tavam me explicando e não lembrava os nomes das bebidas que eu tinha que servir hahahahaha. Mas, dei o meu melhor e me mostrei interessada em aprender.
No final do trial shift a gerente disse que eu fui muito bem apesar do meu inglês não ser bom. Ela disse que o que importava era minha vontade de aprender e me deu a oportunidade! Disse que eu começava o trabalho já no domingo!
Fui bartender nesse restaurante por 4 meses e depois pedi pra ser garçonete e trabalhei nesses restaurante por mais 5 meses e voltei pro Brasil pra trabalhar nas Olimpíadas do Rio em 2016 e depois voltei pra Exeter pra morar com meu namorado tcheco Mark.
Quando voltei pra Exeter, mudei de restaurante, mas continuei como garçonete já que a gorjeta é muito boa. Desde que comecei nesse novo restaurante, que tem a proposta de ser um restaurante francês na Inglaterra, já fui barista, garçonete, supervisora, coordenadora do salão de festas e chef de cozinha.
E tudo que eu faço de diferente eu faço com orgulho de nunca me deixar estagnar. Tô sempre buscando novos desafios e novas experiências, coisas que eu imaginei que nunca faria, mas me dou a chance de tentar e ver se eu gosto.
Acho que essa tem sido a minha maior lição de autoconhecimento: me permitir viver coisas novas, sair totalmente da zona de conforto, viver novas experiências pra poder falar com propriedade se eu gosto ou não de alguma coisa.
Eu gosto muito de ser garçonete, amo conversar com os clientes, fazer piadas, criar surpresas de aniversário pros clientes, fazer alguém sorrir… O trabalho é uma rotina, mas uma rotina diferente já que todo dia você atende pessoas diferentes e tem conversas diferentes.
Ser garçonete nesse momento da minha vida tá sendo ótimo, porque me dá flexibilidade suficiente pra investir tempo no blog e me dá dinheiro e tempo suficientes pra viajar várias vezes ao ano (em 2017 fiz 3 grandes viagens internacionais).
A razão de ter ido embora do Brasil
Vim pra Inglaterra a princípio pra estudar inglês e voltaria pro Brasil pra organizar minha vida e depois ir morar em Portugal (esse era o plano inicial lá em 2014 quando decidi que viria pra Inglaterra).
Saí do Brasil pela falta de oportunidades (apesar de na época eu ter emprego), falta de reconhecimento, salário baixo, violência e pouca qualidade de vida.
No final do meu intercâmbio (10 meses) pra estudar inglês aqui na Inglaterra eu acabei conhecendo meu namorado tcheco (Mark) e acabei decidindo morar aqui na Inglaterra até encontrar algum outro lugar que os dois gostassem (fui ao Brasil só pra trabalhar nas Olimpíadas em 2016 e arrumar minhas malas).
Mas, depois de dois anos morando na Inglaterra percebi que não é aqui que quero construir minha vida ou fincar raízes. Odeio frio e as pessoas são muito frias (não tem tanta empatia. Mas, óbvio que tem várias exceções e óbvio que tô expressando a minha opinião baseada na minha bagagem), não tem aquela proximidade e calor brasileiro.
Engraçado que depois de viver dois anos no exterior, eu e Mark começamos a pensar na possibilidade de voltar pro Brasil (mesmo com todos os contras do Brasil, os prós de ter os amigos e a família perto acabam equilibrando a balança).
Eu amo a cultura e o povo brasileiro e quero muito mostrar pro meu namorado o que o Brasil tem pra oferecer. Mark ama o Brasil de paixão e tá aprendendo português… Vamos ver o que o futuro nos reserva.
Mas, sair do Brasil por um tempo foi importante pra mim, pessoalmente e profissionalmente falando. Vivi experiências que eu nunca teria vivido no Brasil e me coloquei fora da zona de conforto tantas vezes que acabei por me conhecer melhor. Fora que se eu não tivesse saído do Brasil, eu nunca teria conhecido o Mark e só por isso já valeu a pena.
Não tô dizendo que pra sair da zona de conforto ou viver novas experiências você precisa sair do Brasil, mas no meu caso era o que eu precisava e era o que eu queria. Cada um sabe o que é melhor pra si mesmo, mas lembre-se que suas decisões não precisam ser escritas em pedra!
Se você mudar de ideia, volte atrás, repense, faça o que te deixa feliz (não ligue pras besteiras que os outros falam ou pros julgamentos que todo mundo ama fazer da vida alheia)!
Há dois anos atrás sair do Brasil era o que tava me fazendo feliz. Hoje, voltar pro Brasil talvez me faça mais feliz do que morar na Inglaterra, ou talvez não seja ir pro Brasil, mas só sair da Inglaterra…
Entende que o futuro é uma caixinha de surpresas e só depende de você correr atrás dos seus sonhos e do que te faz feliz? Ninguém vai fazer isso por você e as coisas não acontecem do nada ou caem do céu, você precisa trabalhar duro pra fazer as coisas acontecerem e isso implica tomar decisões.
Eu poderia ter ficado no Brasil reclamando da minha vida ou poderia ter saído do Brasil pra buscar algumas respostas que não tava encontrando no meu próprio país (talvez você encontre as suas respostas no Brasil, infelizmente, eu não consegui encontrar as minhas) e você sempre terá duas opções pra tudo na vida: não fazer nada sobre alguma coisa que te incomoda ou levantar a bunda da cadeira e fazer alguma coisa pra mudar o que te incomoda e eu decidi fazer alguma coisa!
E a minha solução na época foi mudar sozinha pra um país que eu não falava a língua direito. Foi me colocar no meu pior pesadelo (que era falar inglês), abandonar tudo que me era cômodo pra traçar uma trajetória profunda de autoconhecimento e superação. E aqui estou eu, falando inglês com meu namorado tcheco, planejando nosso futuro juntos cheio de aventuras! hahahahahahaha
Por que eu escolhi a Inglaterra?
A Inglaterra nunca esteve no meu top 5 de países que eu gostaria de morar, mas como o meu passaporte português me dava a opção de escolher qualquer país da Europa e eu queria aprender inglês, me restaram como opções: Irlanda e Inglaterra.
Mas, como meu ex professor de inglês disse que a cunhada ia alugar um quarto pra mim, acabei optando pela Inglaterra por comodidade de já ter um “alojamento”.
O idioma foi uma barreira?
Nunca deixei de viajar ou me aventurar por causa do idioma. Sempre fui péssima no inglês e sempre tive muita dificuldade de aprender a língua, mas eu tava decidida a aprender quando viesse pra Inglaterra e no começo foi bem difícil e angustiante.
Chorei muito por não entender as pessoas e não conseguir me expressar bem, mas também dei muitas risadas com meus micos e tudo isso me ajudou a melhorar mais e mais no inglês.
A diferença de aprender inglês num país de língua inglesa é que você ouve inglês 24 horas por dia e acaba absorvendo as coisas sem nem perceber.
Em 3 meses morando na Inglaterra eu aprendi muito mais do que nos 6 anos que fiz de curso de inglês no Brasil, fora que morando no exterior, você tem que perder o medo de falar e o medo de errar e acaba aprendendo naturalmente porque você não enxerga mais o erro como uma coisa ruim e sim como parte do seu aprendizado.
Como consegui alojamento quando cheguei?
Eu já tinha visto meu quarto desde do Brasil com a cunhada do meu ex professor particular de inglês. Eu nunca tinha visto a pessoa e nem tratei nada com ela. Meu professor que negociou tudo e me passou as informações.
Dois dias antes de eu ir pra Inglaterra a brasileira que me alugaria o quarto perguntou se eu gostaria de fazer um Skype pra conhecer a casa e foi quando eu a vi pela primeira vez e descobri que ela era mulçumana!
Foi bem engraçado porque não esperava ver uma brasileira mulçumana, mas foi muito de boa. Eu não conhecia nada da cultura mulçumana e acabei aprendendo um pouco.
Tive que me adaptar às regras da casa sobre bebida alcoólica e carne de porco, mas fora isso, foi muito tranquilo. Eu alugava um quarto na casa dela e ela foi como uma mãe pra mim.
Ficamos muito amigas e eu amava chegar em casa depois do trabalho, sentar no sofá com ela e ficar papeando por horas! A Simone foi muito importante pra minha adaptação na Inglaterra, principalmente nos 3 primeiros meses que o inglês tava foda de entender.
Na casa morava eu, a brasileira e os dois filhos adolescentes (os dois eram ingleses).
O aluguel era um pouco caro: 400,00 libras por mês só pelo quartinho já com as contas inclusas (como se fosse um quartinho de empregada no Brasil), mas como eu não tinha ideia de valores e achava que tava na média, mas depois descobri que é possível alugar quartos por 200,00/300,00 libras em repúblicas.
Como foi para trabalhar na Inglaterra?
Como eu tenho passaporte europeu, posso trabalha, estudar e morar sem precisar de visto em qualquer país da União Europeia. Como eu vim pra Inglaterra antes do Brexit tirei meu Insurance Number sem problemas (é como se fosse nosso CPF no Brasil, pois é através desse número que descontam nossos impostos e tem nossas informações e é através desse número que temos direito à saúde e educação do governo, que por sinal funcionam muito bem) e aí foi só mandar meu currículo pros restaurantes da cidade que em menos de uma semana já consegui emprego.
Existem sites de procura de emprego como Linkedin, Gumtree, Totaljobs, Reed.co.uk, mas o melhor método de todos é ir com seu currículo debaixo do braço e bater de porta em porta nos restaurantes perguntando se estão contratando.
Se você realmente quer trabalhar e não tem medo de pegar no batente… É fácil arrumar emprego com garçonete, camareira, bartender, chef de cozinha e babá. Além disso, não é necessário ter um bom nível de inglês pra esses cargos e sim muita força de vontade de aprender e trabalhar duro.
Para os cargos mais especializados o processo seletivo é mais demorado e bem mais afunilado e o inglês exigido é de avançado/fluente.
Como eu conheci meu namorado tcheco aqui na Inglaterra?
Eu conheci o Mark no trabalho. Ele era Assistant Manager na filial do restaurante de Bristol e foi transferido pra filial de Exeter. Eu era bartender/garçonete e ele era meu chefe, mas como nesse restaurante que a gente trabalhava não tinha nenhuma política de relacionamento entre colegas de trabalho, a gente começou a namorar depois de um mês saindo juntos e se conhecendo.
E como as coisas são muito intensas quando você tá morando no exterior sozinha, eu e Mark fomos morar juntos depois de um mês namorando e estamos juntos até hoje (2 anos e 2 meses).
A relação de confiança em dividir quarto ou casa. Como foi isso? Foi tranquilo?
Como eu tinha o meu próprio quarto na casa de uma brasileira que tinha dois filhos ingleses adolescentes, foi um pouco estranho no começo porque me sentia na obrigação de dar satisfação sobre tudo pra não preocupá-la.
Mas, em menos de um mês eu já estava super amiga da filha dela que é uma querida e somos amigas até hoje (apesar de no começo eu não entender nem a metade do que ela falava hahahahaha).
Depois de seis meses morando na casa dessa brasileira, conheci meu namorado e fomos morar juntos. Alugamos um apartamento e hoje moramos no centro da cidade num apartamento de 2 quartos, dois banheiros, uma sala grande, uma cozinha razoável e uma garagem.
Pagamos £ 800,00 de aluguel + £ 111,00 no Council Tax mensal (taxa pra pagar os bombeiros, a polícia e os lixeiros) + £ 50,00 água + £ 30,00 gás + £ 30,00 luz + £ 34,00 internet + £ 160,00 TV License (anual) + £ 200,00 pra comida por mês (os dois juntos).
** Média dos valores. Tem vezes que gastamos bem menos em luz, água, gás e comida!
O salário como garçonete na Inglaterra me mantém melhor que o salário que eu ganhava como Analista de Comunicação no Brasil?
Aqui na Inglaterra a maioria das pessoas trabalha por hora.
O valor por hora de trabalho para maiores de 25 anos é de 7,50 a hora.
Existem dois tipos de contrato: Full time ou Part Time.
– Full time: o empregador deve garantir pelo menos 20 horas por semana se trabalho, mas a média chega a ser de 35 horas quando tá num período médio, 25 horas quando tá em baixa temporada e até mais de 45 horas quando estamos perto do Natal ou feriados.
– Part Time: o empregador não precisa garantir hora, mas a média de quem é part time é de 15 horas por semana. Geralmente são estudantes e mulheres que são mães e trabalham enquanto os filhos estão na escola.
Eu tenho uma média salarial mensal de £ 900,00 libras (quando trabalho em média 30 horas semanais – já com os impostos descontados), fora as gorjetas que vem livre de impostos. Minha média mensal de gorjeta gira em torno de £200,00/300,00 por mês (na baixa temporada)… O que me dá uma média mensal de £ 1.200,00 libras.
Mas, quando chega na alta temporada (final de ano entre novembro e dezembro) a minha média salarial passa a ser £ 1.300,00 e eu consigo juntar até £ 700,00 de gorjeta por mês o que me dá em torno de £ 2.000,00 por mês na alta temporada.
Com esse valor eu vivo muito bem, pago todas as minhas contas e ainda sobra muito dinheiro pra viajar. Em 2017 viajei 3 vezes pra fora da Inglaterra (passei 15 dias na Tailândia em Março, 10 dias no Porto em Junho e 1 mês no Brasil em Agosto) e juntei dinheiro suficiente pra minha próxima viagem em 2018.
O esquema de férias é parecido com o do Brasil. Temos direito a 28 dias de férias pagas, mas como aqui recebemos por hora, podemos negociar folgas sem serem pagas e economizar o dinheiro do restaurante quando está no período calmo, ou seja, eles nos dão a folga e não tem que nos pagar. Pra quem sabe gerir bem o dinheiro esses esquema funciona muito bem.
Como é viver na Inglaterra
Os pontos positivos e negativos de morar na Inglaterra
Positivos:
– Qualidade de vida;
– Não tem a violência escancarada e fatal que tem no Brasil (pelo menos no Rio de Janeiro);
– Educação até o Ensino Médio é de graça e muito boa, já pra fazer faculdade tem que pagar, mas não é nenhum absurdo.
– Transporte público de alta qualidade que conecta todo país e com um valor justo;
– Saúde pública que funciona, atendimento de primeira qualidade (todos os métodos contraceptivos são gratuitos – Eu coloquei o implante (uma capsula contraceptiva que dura por 3 anos) e não paguei nada, no Brasil o valor mais em conta sai por R$ 1.000,00 reais).
– Aqui ninguém quer saber de status… Todo mundo é tratado igual da garçonete até o dono da empresa. As pessoas estão mais preocupadas em viverem suas vidas felizes.
Negativos:
– Saudade da família e dos amigos;
– Clima muito frio e chuvoso;
– Não dá pra curtir praia do jeito que a gente sabe (biquíni, entrar no mar…) (nem no verão rola uma prainha);
– O povo inglês é bem frio. Saudades da cultura calorosa do povo brasileiro.
Espero que tenham curtido esse post que retrata um pouco da minha trajetória até chegar onde estou hoje. Nem tudo são flores na vida de um viajante e acho que a minha história de alguma forma pode te inspirar a seguir os seus sonhos, mesmo que eles pareçam um pouco distantes.
Se você conhece alguém que precisa ler esse post pra se inspirar, envia o link pra essa pessoa.
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Beijos e até a próxima!
Mary Teles